Translate / Tradutor

segunda-feira, 31 de maio de 2010

PARA UM RETRATO DA MINHA AMIGA CIDADE (01)

Vou hoje começar a reeditar a crônica “PARA UM RETRATO DA MINHA AMIGA CIDADE”, de 24 de Julho de 1963, de Gouvêa Lemos quando este escrevia para o jornal “Dário de Moçambique” da então Lourenço Marques.
Uma crônica, como muitas dele, que fazia fundir o cronista ao poeta. A poesia que “homenageava” a sua Lourenço Marques com o olhar critico sobre os contrastes das diferenças sociais da então capital da província.
Colocarei a mesma por partes, pois cada parágrafo desta crônica já por si merece ser lida como um instantâneo daquela Lourenço Marques, e desta forma dividirei com os leitores.

Zé Paulo


PARA UM RETRATO DA MINHA AMIGA CIDADE

O sol nasce agora às seis e trinta e seis, mas continua a nascer no mar como em todo o ano. No lado noroeste da cidade não esperam por ele para começar o dia; usam madrugadas com lua, auroras de pobre.

*

O Samuel, que é um contínuo num terceiro andar da baixa desde as sete às dezassete e come o farnel à sombra de árvores, chamadas em latim no Jardim da Gama, e vai à noite às aulas da Industrial, mora as restantes quatro horas no Chamanculo. Chega ali já noite alta; sai de lá antes que a noite finde. Samuel é um morcego que sonha ser pássaro. Minha amiga cidade, Samuel será pássaro, não será ?

(continua...)

Foto: Site "Moçambique Mozambique - Fotos para divulgar"

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário